Momentos
Riscos de TCA
A música é algo que me completa. Há temas musicais que lidam comigo, muito melhor que muitas pessoas e, me devolvem muito daquilo que o meu corpo e espírito necessita.
Vem isto a propósito, uma cena que presenciei há dias, junto à Igreja do Carmo, na minha já habitual passagem diária.
Um casal de jovens encontrava-se sentado nos degraus da Igreja; mochilas pousadas no chão, estojo de um instrumento musical pousado ao lado. Chamou-me a atenção, pela forma curiosa que olhavam cada um que passava. Continuei o meu caminho, mas ao chegar à curva, um som fez-me parar. Por instantes, detive-me a ouvir de que local viria o som, até que compreendi que vinha do jovem casal, que já não visualizava, na curva da Igreja.
Voltei atrás e fiquei ali. Não conhecia a música, nem me lembro de a ter ouvido alguma vez, mas a sua harmonia, percorreu todas as células do meu corpo.
E ficámos ali. Ele a tocar. Ela a olhá-lo, carinhosamente. Eu encostada à parede a ouvi-lo tocar.
Não sei quanto tempo passou, mas a música chegava a comover. Fechei os olhos e deixei-me estar ali, esquecida de tudo. Quando a música parou, olhei em volta: dois estudantes de arte, sentados no chão, desenhavam o jovem tocador. A jovem sorria timidamente. Retribui-lhe o sorriso e segui o meu caminho.
Há momentos mágicos, que nunca poderão ser transcritos completamente.
Naquele dia, vivi um desses momentos.